
Brasileiros da flotilha presos por Israel já saíram do país e entraram na Jordânia
7 de outubro de 2025 08:32Os 13 brasileiros que participaram da flotilha Global Sumud e que foram detidos por Israel foram libertados nesta terça-feira (7) e já deixaram o país com destino à Jordânia.
De acordo com fontes diplomáticas, eles estão bem e seguem viagem para a capital do país, Amã. O Itamaraty divulgou uma nota confirmando as informações da coluna e afirmando que “o Brasil conclama a comunidade internacional a exigir de Israel a cessação do bloqueio a Gaza, por constituir grave violação ao direito internacional humanitário”.
O grupo foi transportado da prisão de Ktzi’ot, no deserto do Neguev, para a fronteira pelas autoridades israelenses. Lá chegando, os brasileiros se encontraram com diplomatas da embaixada do Brasil em Tel Aviv.
Já em território jordaniano, estão sendo agora apoiados pela embaixada do Brasil em Amã. Os ativistas passarão por avaliação médica e receberão assistência consular.
O grupo foi capturado em águas internacionais, segundo nota divulgada pelos organizadores, durante uma missão que tentava entregar ajuda humanitária à população de Gaza.
Entre os brasleiros da flotilha está Thiago Ávila, que já havia sido preso por Israel na empreitada anterior do grupo, em maio. Além dele, fazem parte da comitiva a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL), de Campinas, assim como a presidente do partido no Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti. Também há outros militantes pró-Palestina e sindicalistas como Magno de Carvalho Costa, dirigente do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP).
Além dos brasileiros, ativistas de outros países, como Argentina, Colômbia, África do Sul e Nova Zelândia, também deverão ser libertados nesta terça.
Ainda não há detalhes sobre o retorno dos brasileiros ao país. O único integrante da delegação que já deixou Israel é Nicolás Calabrese, que, apesar de viver no Brasil há mais de dez anos, nasceu na Argentina e tem cidadania italiana. Ao desembarcar na noite desta segunda no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ele reclamou de maus-tratos e disse que as forças israelenses agiram como terroristas.

A libertação ocorre no mesmo dia em que a guerra em Gaza completa dois anos. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos e gerou uma crise humanitária sem precedentes. Em nota, os organizadores da missão afirmaram que a ação marítima tinha como objetivo denunciar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007 —e que, segundo eles, transformou-se desde março deste ano em um cerco total, impedindo a entrada de alimentos e medicamentos.
O texto divulgado pelos ativistas classifica a fome e o bloqueio em Gaza como instrumentos de controle e acusa Israel de praticar genocídio e limpeza étnica contra os palestinos.
Para o grupo, a libertação dos brasileiros tem valor simbólico. “A liberdade dos nossos integrantes no dia 7 de outubro carrega um símbolo de resistência, mas também nos lembra que não há liberdade verdadeira enquanto o cerco persistir”, diz a nota. “É urgente que a comunidade internacional atue de forma concreta para pôr fim à ocupação e garantir a liberdade do povo palestino.”
- Grupo de ativistas brasileiros da flotilha Sumud após deportação para a Jordânia em 7 de outubro de 2025. — Foto: Divulgação/Global Sumud Flotilla
- Fonte: Folha de S.Paulo