
Giorgio Armani morre aos 91 anos
4 de setembro de 2025 08:20O estilista de moda italiano Giorgio Armani morreu, aos 91 anos, nesta quinta-feira (4).
“O Grupo Armani comunica, com infinito pesar, o falecimento do seu criador, fundador e força incansável: Giorgio Armani.”
“Sr. Armani, como sempre foi chamado com respeito e admiração pelos funcionários e colaboradores, faleceu pacificamente, cercado por seus entes queridos. Incansável, trabalhou até os últimos dias, dedicando-se à empresa, às coleções, aos diferentes e sempre novos projetos em andamento e por vir”, finalizou o comunicado publicado nas redes sociais da marca.
O estilista era sinônimo do estilo moderno italiano e de elegância. Armani combinava o talento de designer com a habilidade de empresário, conduzindo uma empresa que faturava cerca de 2,3 bilhões de euros (cerca de R$ 14,6 bilhões) por ano.
Construtor de um império na indústria do luxo, “il re Giorgio” (“Rei Giorgio”), um criador visionário, destacava-se em alta-costura, prêt-à-porter, acessórios, perfumes, joias, além de arquitetura de interiores e hotéis de luxo em cidades como Milão, Paris, Nova York, Tóquio, Seul e Xangai.
“Ao longo dos anos, Giorgio Armani criou uma visão que se expandiu da moda para todos os aspectos da vida, antecipando os tempos com extraordinária clareza e precisão. Ele foi movido por uma curiosidade inexorável, atenção ao presente e as pessoas. Nesta jornada ele criou um diálogo aberto com o público, tornando-se uma figura amada e respeitada por sua capacidade de comunicar com todos. Sempre atento às necessidades da comunidade, ele se comprometeu em muitas frentes, principalmente com sua amada Milão”, seguiu a empresa, que tem 50 anos de história.

“Giorgio Armani sempre fez da independência, pensamento e ação, sua marca. A companhia é o reflexo, hoje e sempre, desse sentimento. A família e os funcionários levarão o Grupo adiante no respeito e continuidade destes valores.”
O velório do estilista acontece neste sábado (6) e seguirá até domingo (7), em Milão. Atendendo a pedidos de Armani, o funeral acontecerá de forma privativa.
Em junho, o estilista não participou dos dois desfiles na Semana de Moda de Milão com suas coleções masculinas Primavera/Verão 2026. Segundo comunicado da empresa na ocasião, Armani estava “convalescendo em casa”, mas não deu detalhes sobre seu estado de saúde.
Apesar da ausência, Armani acompanhou de perto todas as etapas dos desfiles, informou a marca. Foi a primeira vez que Giorgio Armani perdeu um de seus desfiles.
Em julho, ao completar 91 anos, ele publicou uma mensagem afirmando que estaria de volta na semana de moda de Milão de setembro.
“Nas últimas semanas, senti fortemente o abraço daqueles que estavam pensando em mim”, disse Armani em uma carta aberta publicada por vários jornais italianos, mencionando a família, os pares, os funcionários, a imprensa e as pessoas nas mídias sociais.
“Quero agradecer a todos vocês pela proximidade que demonstraram comigo. Não foi fácil para mim não ouvir seus aplausos ao vivo. Obrigado do fundo do meu coração, e os verei novamente em setembro”, acrescentou.

Sem filhos, Giorgio Armani deu entrevista sobre planos de sucessão bilionária uma semana antes de morrer
Uma semana antes de morrer, Giorgio Armani falou sobre planos de sucessão de sua marca em entrevista ao jornal inglês “Financial Times”. O estilista, um dos maiores nomes do mundo da moda, morreu nesta quinta-feira (4) aos 91 anos. Ele não tinha filhos.
Criador de um verdadeiro império da moda, o empresário movimentava bilhões de dólares por ano. Em 2024, a receita líquida de sua marca chegou a € 2,3 bilhões (14,6 bilhões de reais). Armani era o único acionista da empresa que fundou com seu falecido sócio Sergio Galeotti em 1975.
“Meus planos de sucessão consistem em uma transição gradual das responsabilidades que sempre assumi para aqueles mais próximos de mim”, falou à publicação.
Na entrevista, Armani mencionou possíveis sucessores: membros da família (sem especificar os nomes) e o estilista Leo Dell’Orco, seu companheiro e chefe de design masculino da marca.
Apesar de os membros da família envolvidos na administração do legado não terem sido citados, uma reportagem de 2023 da agência Reuters indica os nomes mais prováveis.
A Reuters descobriu documentos que mostravam que a sucessão de Armani estava sendo preparada para incluir sua irmã, Rosanna, além de três outros membros da família: duas sobrinhas, Silvana e Roberta, e um sobrinho, Andrea Camerana. Eles já trabalham nas empresas e na fundação de Armani.
“Gostaria que a sucessão fosse orgânica e não um momento de ruptura”, comentou na entrevista publicada uma semana antes de sua morte.
“Criei um estilo de vida que eu definiria como um mundo de sofisticação natural, no qual nada é exagerado, mas tudo encontra um equilíbrio que, embora sussurrado, é rico em personalidade”, disse.
Um dos estilistas mais antigos do mundo, que ainda estava em atividade, Armani pensava em uma transição gradual nas suas empresas, deixando-as aos cuidados de pessoas próximas a ele.
O estilista é conhecido por sua participação em todos os processos de suas marcas. “Minha maior fraqueza é que estou no controle de tudo”, disse o estilista.
Armani comentou na entrevista que, aos 91 anos, ainda supervisionava toda a direção criativa da marca. “Não sei se usaria a palavra workaholic, mas o trabalho duro é certamente essencial para o sucesso”, disse.
O estilista, que consolidou seu nome na história mundial da moda, também revelou frustrações:
“Meu único arrependimento na vida foi passar muitas horas trabalhando e pouco tempo com amigos e familiares.”
- Estilista de moda italiano, Giorgio Armani. Foto: Sarah Meyssonnier/Reuters
- Fonte: G1