Menino do Rio

4 de novembro de 2025 08:00

Após mais de uma década, a monarquia britânica está de volta ao Brasil. E com generosas doses de realeza carioca para abrilhantar a coroa. Antes de seguir rumo a Belém para representar o pai, o rei Charles III, na COP30, o príncipe William viveu um dia típico do Rio, onde desembarcou ontem. Ele andou de bondinho, bateu bola no Maracanã, jogou vôlei em Copacabana e, ufa!, encerrou a jornada num tradicional bar na orla da Zona Sul – tudo entre sorrisos, simpatia e selfies. Como se não bastasse, ainda recebeu, durante a visita ao Pão de Açúcar, as chaves da cidade das mãos do prefeito Eduardo Paes.

Essa foi, aliás, a primeira agenda do príncipe na capital fluminense. De blazer cinza, camisa azul e sem gravata, ele era esperado no topo do cartão-postal por um trio de chorinho, que recebeu o futuro monarca com uma versão do clássico “Brasileirinho”.

Coube a Paes servir como uma espécie de guia informal de William no Pão de Açúcar.

Foto: Antes de seguir para Belém, onde vai representar o pai, o rei Charles III, na COP 30, príncipe WIliam bateu bola no Maracanã, visitou o Pão de Açúcar, com direito a muitas selfies. Foto: Guito Moreto/O Globo

“Entreguei a chave para ele poder se sentir em casa. Falei que depois dos três dias ele faz o que ele quiser no Rio, porque a cidade é dele. Se quiser ir para um samba, tomar uma cervejinha, um boteco, vai ser muito bem-vindo. Ainda vou acompanhá-lo”, brincou o prefeito. “Ele ficou muito impressionado com a coisa da floresta entrando na cidade, fez muitas perguntas sobre favelas.”

A descontração do príncipe chamou a atenção de quem escolheu a mesma datampara visitar o ponto turístico. Após deixar o heliporto e caminhar de volta ao bondinho, William interagiu com brasileiros e estrangeiros, posando para selfies e vídeos. Iranete Alves, de Pernambuco, foi uma das sortudas:

Gol de pênalti

O compromisso seguinte foi no Maracanã. Ao lado do ex-jogador Cafu, pentacampeão mundial pela seleção brasileira, e de crianças atendidas pela ação social “Gols pela Terra”, que une esporte, inclusão e sustentabilidade, o príncipe arriscou até bater uma bolinha. Numa partida simbólica com os pequenos, chegou a marcar um gol, mas de pênalti.

Além do futebol, o encontro também teve momentos de conversa sobre mudanças climáticas e preservação – pautas caras ao príncipe. William ouviu as crianças e jovens e disse que pretende levar para outros países o modelo de integração entre esporte e educação ambiental.

“Foi um dia que eles nunca vão esquecer. A gente brinca que, quando ele virar rei, queremos que ele volte ao Brasil para reencontrar essas crianças, já adultas, e ver o quanto cresceram” contou Carolina Senna, coordenadora do “Gols pela Terra”. No diálogo como príncipe, a jovem Gabrielly Alves, de 15 anos, moradora da Nova Holanda, no Complexo da Maré, demonstrou mais do que preocupações ambientais: ela entregou um conselho direto e incisivo sobre o protagonismo das comunidades. A essência do recado foi que as populações mais vulneráveis não são só vítimas da crise climática, mas detentoras de soluções e de “potência” para a mudança.

Na sequência, o príncipe aproveitou o fim de tarde com temperatura agradável para visitar mais uma paisagem icônica em sua primeira visita ao Rio. Agora de tênis branco e camisa social dobrada até o cotovelo, ele circulou por uma área gradeada – atrás da estátua de Ayrton Senna, no Posto 2 – onde acompanhou a simulação de um resgate, com direito a apitar para os bombeiros que se fingiam de afogados. No fim, ficou descalço para disputar uma partida de vôlei de praia com Carol Solberg, atleta da modalidade. Ele se jogou na areia, sacou e bloqueou – e demonstrou mais aptidão do que com o futebol.

A realeza conheceu ainda o projeto Botinho, do Corpo de Bombeiros, que reúne jovens para atividades físicas gratuitas na areia, passa orientações sobre o mar e ensina técnicas de primeiros socorros, assim como de preservação ambiental e sustentabilidade. Um grupo de 20 crianças se exercitou na areia sob os olhares do príncipe. Uma delas era Danyelle Kelly, de 12 anos, que entregou uma pulseira de presente a William, endereçada a Kate Middleton, sua mulher.

“Como ela é da Inglaterra, pensei em colocar um negócio do Rio, para representar a praia”, disse a pequena moradora da Taquara sobre a inspiração para colocar uma estrela-do-mar no adereço.

Como nas agendas anteriores, a segurança foi, naturalmente, reforçada. Na altura do Posto 2, havia uma viatura da Polícia Federal até no meio da areia, com policiais usando binóculos para monitorar a movimentação.

Após a maratona de compromissos, William aproveitou o início da noite para outro programa bem carioca: foi à filial de Ipanema do Belmonte, na Avenida Vieira Souto. Ele chegou sem avisar, por volta das 19h, acompanhado de cerca de vinte pessoas, incluindo os seguranças. O grupo pediu linguiça, bolinho de bacalhau, empadas, chope e caipirinhas. O príncipe, no entanto, preferiu vinho branco. Após uma hora no bar, ele foi embora.

Ainda no Rio, o futuro rei participa amanhã da cerimônia de entrega do Prêmio Earthshot, láurea ambiental internacional dedicada a encontrar e ampliar o uso de soluções inovadoras para os desafios ambientais. Antes de embarcar para a capital paraense, onde irá participar da COP 30, o príncipe também estará na Cúpula Global do Programa United for Wildlife.

Príncipe William conversa com o prefeito Eduardo Paes após receber as chaves do Rio. Depois segue para a COP 30. Foto :Eduardo Anizelli/Folhapress.

Outras visitas reais

Inauguração e Pelé

Em 1968, a rainha Elizabeth II e o príncipe Philip passaram 11 dias no Brasil – ela, inclusive, participou da inauguração da icônica Ponte Rio-Niterói. Outro momento marcante foi o encontro inédito entre a rainha e Pelé no Maracanã.

Caiu no samba

Atual rei, Charles III visitou o país em quatro oportunidades quando ainda era príncipe. A primeira ocorreu em 1978, dez anos após a vinda de sua mãe. Solteiro à época, com 29 anos, ele improvisou no samba ao lado da passista Pinah.

Única vinda de Lady Di

A segunda visita, em 1991, foi marcada pela única vinda da princesa Diana, primeira esposa de Charles e mãe de seus filhos, William e Harry. Foram só dois dias, mas o casal não perdeu a chance de participar de um baile de gala no Copacabana Palace.

Olimpíada e Copa

Irmão mais novo de William, o príncipe Harry já esteve no Brasil duas vezes. A primeira, em 2012, ocorreu para promover uma iniciativa que destacava o Reino Unido antes da Olimpíada de Londres. Após dois anos, voltou para a Copa do Mundo.

  • Herdeiro do trono britânico, príncipe William está no país para a COP-30. No Rio, bateu bola mo Maracanã e se aventurou no vôle de praia em Copacabana. Terminou o dia em um bar na Zona Sul. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
  • Fonte: O Globo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *