
Trump crima cria “clima de guerra civil” e, depois de outros alvos, envia Guarda Nacional para Chicago. Alvos são imigrantes e estados democratas
5 de outubro de 2025 15:31As guerras para o “xerife” Donald Trump não têm que ser só no front externo, em países que que não aceitam onde quer manter sua hegemonia mundial, já em frangalhos – por isso seus maiores alvos são as “ameaças” Rússia, Irã e China -, ele vê também, como bom direitista, o “inimigo interno” em inciativas que contrariam seus interesses. O presidente dos Estados Unidos autorizou neste domingo, 05, numa medida raramente aplica na “maior democracia do planeta”: que 300 militares da Guarda Nacional do país fossem a Chicago alegando o “crime fora de controle” na região – embora Trump já tenha colecionado ações similares em Washington, Los Angeles e Memphis. A porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson, afirmou que a região tem vivido revoltas violentas e que o presidente “não fechará os olhos” para o que acontece na região.
Campos de treinamento
No início desta semana, o presidente falou sobre o envio de contingentes militares para cidades americanas enquanto discursava para líderes de alto escalão das Forças Armadas. Ele disse aos líderes militares que quer que as cidades americanas sejam usadas como “campos de treinamento” para as tropas americanas, para que possam combater o “inimigo interno” e reprimir a agitação.
Chicago é administrada, obviamente, por um democrata Brandon Johnson, um dos principais oposicionistas de Trump. Em agosto, ele assinou uma ordem executiva proibindo as polícias municipais de colaborarem com agentes federais.
A decisão aconteceu horas após uma mulher ser baleada durante protestos contra deportações no país. Segundo a polícia, uma cidadã americana foi vítima de “tiros defensivos” após jogar um carro contra agentes de imigração, dirigindo até o hospital e sendo detida pelo FBI em seguida. Nenhum policial ficou ferido na ocorrência.
O governador de Illinois Jay Robert “JB” Pritzke- quarto mais populoso dos Estados Unidos e cuja capital Chicago – chamou a medida de “performance fabricada, que não serve para proteger a segurança pública”. “JB Pritzker” afirmou que também recebeu um ultimato de Trump neste domingo e disse que o movimento era “desnecessário” e “antiamericano”. “Eles [o governo Trump] tirarão os americanos trabalhadores de seus empregos regulares e de suas famílias para participar de uma performance fabricada — não de um esforço sério para proteger a segurança pública. Para Donald Trump, isso nunca foi uma questão de segurança. Isso é uma questão de controle”, escreveu o governador nas redes sociais.
O senador democrata por Illinois, Dick Durbin, qualificou a medida como um “capítulo vergonhoso na história de nossa nação” e acrescentou que o “presidente não tem a intenção de combater o crime. Ele tem a intenção de disseminar medo”.
Veja suas falas contestando Trump – clique aqui. No centro de tdo está a política de Trump de tratar como escória imigrantes ilegais que, para ele, devem ser expulsos na marra do país – o que tem refletido na expansão do envio de tropas para cidades americanas, notadamente democratas. Os envios dessas “tropas federais” contra os interesses dos prefeitos e governadores levantaram questões jurídicas e constitucionais, já que as tropas da Guarda Nacional são normalmenterequisitadas pelo poder local. Leis centenárias também limitam o uso das Forças Armadas pelo governo para assuntos internos.
Trump tinha ameaçado enviar tropas a Chicago alegando que ela era a cidade “mais perigosa do mundo, de longe”, mas números já indicavam melhora. Chicago não é a cidade mais perigosa do mundo e registrou 573 homicídios em 2024, segundo a polícia da cidade, 8% a menos que o ano anterior.
A medida de Trump acontece após uma juíza federal proibir que ele enviasse forças da Guarda Nacional a Portland, em Oregon, também governado por uma democrata, Tina Kotek. Karin Immergut afirmou que os protestos que acontecem no local não têm dimensão suficiente para justificar o uso das forças federais. Ela afirmou que o uso das Forças Armadas para reprimir a agitação sem o consentimento do estado do Oregon colocava em risco a soberania daquele estado e de outros, acrescentando que o anúncio sobre o envio também inflamou as tensões na cidade e causou aumento de protestos. Immergut decidiu que os argumentos do governo para o envio de tropas “correm o risco de confundir a linha entre o poder federal civil e militar — em detrimento desta nação”.
Curioso que Trump use os mesmos argumentos com que cerca a Venezuela: a cidade estaria “devastada pela guerra” e assolada por crimes violentos, sem capacidade de controlar o crime organizado.
- Agentes da Polícia de Fronteira nas ruas em Chicago durante protestosno fim-de-semana. Foto: AFP
- Fontes: G1/UOL/BBC Brasil