
Golpe à vista: Governo Trump ameaça invadir Venezuela e usar ‘toda a força’ contra Maduro e posiciona navios na região do Caribe
19 de agosto de 2025 17:45Porta-voz do governo do presidente Donald Trump, Karoline Leavitt afirmou nesta terça-feira (19) que a gestão do político norte-americano vai usar “toda a força” contra a gestão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Mais de 4.000 militares serão posicionados na região do Caribe, próxima à costa venezuelana. Os Estados Unidos alegam que a medida é necessária para combater o narcoterrorismo e também anunciaram uma recompensa de até US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação do líder venezuelano.
Segundo comunicado emitido por Karoline Leavitt, “Maduro não é um presidente legítimo”. “Ele é um fugitivo e chefe de um cartel narcoterrorista acusado nos EUA de tráfico de drogas. Trump está preparado para usar toda a força americana para deter o tráfico de drogas”, disse a porta-voz, em coletiva na Casa Branca.
O governo da Venezuela repudiou as declarações, classificando-as como “ameaças” que “não só afetam a Venezuela, mas colocam em risco a paz e a estabilidade na região”. Em nota, a gestão de Nicolás Maduro afirmou que o país “defenderá nossos mares, nossos céus e nossas terras”, e mencionou o que chamou de “a ameaça bizarra e absurda de um império em declínio”.
Nesta semana, os Estados Unidos deslocaram três navios de guerra para o sul do Caribe, próximo à costa venezuelana, alegando supostas ameaças de cartéis de tráfico de drogas.
Maduro é formalmente acusado de narcoterrorismo nos EUA desde março de 2020, durante o primeiro mandato de Trump. Na época, Washington passou a oferecer uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 75 milhões). O valor subiu para US$ 25 milhões em janeiro de 2025, já sob o governo de Joe Biden, como resposta à posse de Maduro para um novo mandato. Em seguida, a recompensa foi dobrada, chegando a US$ 50 milhões.
O montante supera o valor oferecido pelos EUA por Osama Bin Laden logo após os atentados de 11 de setembro de 2001. À época, o governo norte-americano anunciou uma recompensa de US$ 25 milhões pelo líder da Al-Qaeda, que se tornou o homem mais procurado do planeta.
De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Maduro é acusado de envolvimento em conspiração para o narcoterrorismo, tráfico de drogas, importação de cocaína e uso de armas. Washington também afirma que o presidente venezuelano lidera o chamado Cartel de los Soles, recentemente classificado pelos EUA como organização terrorista internacional.
Petróleo
Politicamente, a Venezuela é uma das principais frentes de resistência à hegemonia dos EUA em nível global. Outra questão para a relação delicada entre os dois países é o petróleo.
De acordo com número do site World Atlas, a Venezuela ficou em primeiro lugar entre os dez países com as maiores reservas de petróleo do mundo em 2024 (300,9 bilhões de barris), seguida por Arábia Saudita (266,5 bilhões de barris) e pelo Canadá (169,7 bilhões de barris).
A sequência da lista foi ocupada pelo seguintes países: Irã (157,8 bilhões de barris), Iraque (150 bilhões), Rússia (103,2 bilhões), Kuwait (101,5 bilhões), Emirados Árabes (97,8 bilhões), EUA (48,5 bilhões), e Líbia (48,4 bilhões). O Brasil ficou na 15ª posição, com 16,2 bilhões de barris, o que representou aproximadamente 1% das reservas globais.
México condena deslocamento militar dos EUA perto da Venezuela: “não ao intervencionismo”
A presença militar dos Estados Unidos próxima à costa da Venezuela voltou a provocar reações na América Latina. Nesta terça-feira (19), a presidente do México, Claudia Sheinbaum, recorreu à Constituição de seu país para rejeitar qualquer tipo de intervenção externa, reafirmando os princípios de autodeterminação dos povos e resolução pacífica de controvérsias.
“Não ao intervencionismo”, disse Sheinbaum em sua coletiva diária, conforme reportado pela Reuters, ao ser questionada sobre o envio de destróieres estadunidenses para o Caribe. “Está claramente estabelecido em nossa Constituição e é sempre nossa posição: a autodeterminação dos povos, a não intervenção e a resolução pacífica de controvérsias.”
Três destróieres equipados com mísseis guiados Aegis – o USS Gravely, o USS Jason Dunham e o USS Sampson – devem chegar à costa venezuelana nas próximas 36 horas. Fontes do governo norte-americano alegaram que a movimentação faz parte de uma operação contra cartéis de drogas latino-americanos classificados por Washington como “organizações terroristas globais”.
O presidente Donald Trump utiliza as Forças Armadas sob o pretexto de combater o narcotráfico, mas a medida vem no momento em que se observa uma escalada de hostilidades contra governos latino-americanos anti-hegemônicos. No total, cerca de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais foram mobilizados, além de aviões de vigilância e até submarinos de ataque.
- Imagem gerada em IA
- Fonte: Brasil 247, com agências internacionais