Campanha contra Venezuela busca derrubar governo Maduro, diz Rússia na ONU

11 de outubro de 2025 09:00

Durante reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Venezuela, o embaixador russo Vassily Nebenzia acusou os Estados Unidos de conduzirem uma campanha para derrubar o governo venezuelano, utilizando os mesmos métodos de desestabilização política que marcaram as chamadas “revoluções coloridas”.

Segundo o diplomata, Caracas enfrenta “pressão sem precedentes de invasão militar” por parte de Washington. Nebenzia relatou que os Estados Unidos deslocaram cerca de 4.000 soldados, além de destróieres, submarinos nucleares e aviões de patrulha, em uma movimentação que classificou como provocativa.

“A cada dia, a situação se torna mais grave. O que é isso? Preparação para uma invasão ou apenas treinamentos militares?”, questionou. “Poderíamos acreditar na segunda hipótese se não estivéssemos falando de um Estado soberano, cuja derrubada do regime é abertamente mencionada por altos oficiais norte-americanos como meta de política externa”, afirmou.

Diplomata russo diz que o governo Trump repete incntivo a golpes como fez no passado: “querem derrubar um governo que não lhes agrada”. Divulgação.

Para o governo russo, o objetivo dos Estados Unidos é claro: “derrubar um governo que não lhes agrada” e reafirmar sua influência na América Latina por meio de métodos de coerção militar, econômica e psicológica.

Crítica à narrativa dos “Cartéis do Sol”

Nebenzia também ironizou o argumento norte-americano de que supostos “Cartéis do Sol”, vinculados ao governo venezuelano, estariam traficando drogas para os Estados Unidos. O diplomata afirmou que se trata de uma “ficção digna de filme de Hollywood”, sem respaldo em fatos ou dados concretos.

“A Casa Branca pode, é claro, rejeitar os dados da ONU, mas os próprios relatórios oficiais do Departamento de Estado não mencionam os ‘cartéis do sol’”, declarou.

Com base em dados oficiais, Nebenzia observou que a maior parte da cocaína que chega aos Estados Unidos entra pelo Oceano Pacífico — rota marítima à qual a Venezuela sequer tem acesso. Ele destacou ainda que o tema só passou a ser citado em relatórios norte-americanos “há poucos meses”, o que, segundo ele, evidencia o caráter artificial da narrativa.

“Princípio do faroeste”

A diplomacia russa também denunciou o que chamou de “execuções sumárias” realizadas por forças norte-americanas em alto mar. Moscou criticou os ataques a embarcações sob suspeita de tráfico, nos quais “toda a tripulação foi executada sem investigação ou julgamento”.

“Embarcações com pessoas foram simplesmente atacadas em alto mar, sem investigação ou julgamento, seguindo o princípio do faroeste de atirar primeiro”, afirmou o representante russo.

Para Nebenzia, essas ações demonstram a lógica do “excepcionalismo norte-americano”, em que os Estados Unidos se permitem agir livremente, enquanto os demais países só podem fazer o que Washington autoriza.

Tentativa de “revolução colorida”

Moscou classificou as recentes operações e pressões políticas contra Caracas como parte de uma “campanha aberta” destinada a minar o governo venezuelano e instalar um regime alinhado aos interesses de Washington.

“A Venezuela é alvo das ferramentas tradicionais das revoluções coloridas, que já causaram sofrimento a várias populações ao redor do mundo”, denunciou a diplomacia russa.

  • Na ONU, Rússia defende Venezuela: embaixador russo Vassily Nebenzia, que acusou os EUA de conduzirem uma campanha para derrubar o governo venezuelano, utilizando os mesmos métodos de desestabilização política que marcaram as chamadas “revoluções coloridas”. Foto: Reuters
  • Fonte: Brasil 247/RT Brasil

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