
Zema propõe “guinchar” moradores em situação de rua, comparando-os a carros irregulares. Alexandre SIlveira reage: “vivemos em Minas tempos sombrios”
7 de junho de 2025 16:01O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), comparou pessoas em situação de rua a veículos estacionados em locais proibidos. Ele indicou que é favorável a criação de uma lei no País para lidar com essas pessoas de forma semelhantes aos carros que estacionam em locais irregulares. Ele indicou que é favorável a criação de uma lei no País para lidar com essas pessoas de forma semelhantes aos carros que estacionam em locais irregulares. Zema concedia entrevista – adivinha! – à rádio Jovem Pan na quinta-feira, 5, quando foi questionado sobre a segurança pública em Minas Gerais e uma suposta Cracolândia em Belo Horizonte.
É literal, acredite. “Temos lá moradores de ruas [sic] ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição. E não temos hoje nada no Brasil que é efetivo. É um problema em São Paulo, Belo Horizonte e em outras cidades”, respondeu o chefe do Executivo mineiro.
Ministro mineiro ALexandre SIlveira reage: “Filhinho de papai”
A declaração de Zema (Novo), comparando moradores de rua a veículos estacionados em local proibido, provocou forte reação de autoridades e movimentos sociais. Entre os críticos, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, publicou uma resposta contundente nas redes sociais. “A insensibilidade do governador é revoltante!”, escreveu Silveira. “Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher.”

Para o ministro, as falas revelam mais do que apenas falta de empatia: expõem um projeto de poder descolado das necessidades humanas. “Vivemos em MG tempos sombrios, temos um governador que deseja ter poder a qualquer preço e esquece do olhar humano. Política é cuidar de pessoas, ter empatia e gostar de gente”, declarou Alexandre Silveira. “É trabalhar para melhorar a vida do morador de rua, que está debaixo do viaduto, passando frio e chuva.”
A declaração de Zema também gerou indignação por relativizar o regime militar brasileiro, ao dizer que “tudo é uma questão de ponto de vista”, ao ser confrontado com críticas à ditadura.
Organizações de defesa dos direitos humanos e parlamentares da oposição já se mobilizam para apresentar moções de repúdio à fala do governador. A comparação de Zema evidencia um olhar elitista e desumanizador sobre a pobreza extrema.
Romeu Zema em entrevista na Jovem Pan. Foto: reprodução
Fonte: DCM, com Estadão e UOL