Guerra civil americana? Trump envia 2 mil policiais federais à Califórnia para coibir protestos contra deportações 

8 de junho de 2025 10:25

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou o envio de 2.000 soldados da Guarda Nacional ao condado de Los Angeles, na Califórnia, após uma série de protestos violentos contra operações de deportação conduzidas por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). A decisão foi anunciada pela Casa Branca no sábado (7). O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, foi mais longe, e disse que os fuzileiros navais do país estão “em alerta máximo” e prontos para serem mobilizados caso a violência persista.

A tensão explodiu na cidade de Paramount, onde manifestantes se reuniram nas proximidades de uma loja Home Depot após rumores sobre uma nova batida de imigração. Apesar de nenhum agente do ICE ter realizado prisões no local, confrontos se intensificaram quando a multidão foi dispersada com gás lacrimogêneo e munições menos letais.

Veja o vídeo, que mostra a repressão policial brutal contra manifestantes anti-deportação em Los Angeles. Fonte: DRM News.

“Distúrbios e saques”, escreveu Trump em sua rede Truth Social. “Se o governador Gavin Newsom, da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não conseguem fazer seus trabalhos — e todos sabem que não conseguem — então o governo federal vai intervir e resolver o problema… da maneira que deve ser resolvido!!!”

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, reagiu com veemência. Para Newsom, a ação federal é “intencionalmente inflamatória” e configura uma tentativa deliberada de escalar os conflitos. “O governo federal está assumindo o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviando 2.000 soldados a Los Angeles – não porque há escassez de forças de segurança, mas porque querem um espetáculo”, criticou o governador em uma postagem na plataforma X. “Não deem isso a eles.”

Governador da Califórnia, Gavin Newsom: resistência à truculência do governo Trump: intervenção federal “mina a confiança pública”. Foto: Reuters.

A prefeita de Paramount, Peggy Lemons, criticou a falta de comunicação com as autoridades locais: “Há uma falta de comunicação… poderíamos estar melhor preparados para informar os moradores. As pessoas estão assustadas. E quando você lida com a situação do jeito que foi feito, não é surpresa que o caos aconteça.”

Casa Branca: “Tolerância zero”

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que o presidente assinou um memorando autorizando o envio de tropas. Segundo ela, a medida responde aos ataques contra agentes do ICE e à “anarquia que foi permitida florescer”. Ela reforçou a política de “tolerância zero” do governo em relação à violência contra autoridades.

O ex-diretor do ICE e atual responsável pelas operações no local, Tom Homan, afirmou à Fox News: “Vamos trazer a Guarda Nacional esta noite. Vamos continuar fazendo nosso trabalho. Vamos reagir contra essas pessoas.” Ele completou: “O povo americano precisa entender: isso é aplicação da lei. E, mais uma vez, não vamos pedir desculpas por fazê-lo.”

O xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, disse que seus agentes inicialmente responderam a uma “tomada de rua”, mas foram chamados por autoridades federais que relataram ataques. “A multidão cresceu para entre 350 e 400 pessoas, e alguns começaram a lançar objetos contra os agentes”, relatou. Luna esclareceu que sua corporação não está envolvida na fiscalização migratória, mas ofereceu apoio diante da ameaça à integridade dos oficiais.

Os protestos ocorreram após três operações migratórias realizadas na sexta-feira (6), que resultaram em 44 detenções administrativas — entre elas a do presidente da SEIU California, David Huerta, acusado de obstrução.

Manifestantes carregam bandeiras mexicanas e americanas enquanto oradores expressam indignação com a retórica de Trump e as medidas de seu governo para aumentar as deportações em um protesto no domingo em Los Angeles. Na placa: “Imigrantes construíram a América”. Foto: Eric Thayer/AP

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, classificou os distúrbios como “motins” e advertiu: “Quem colocar a mão em um agente da lei será processado.” Já o vice-diretor do FBI, Dan Bongino, foi ainda mais direto: “Você traz o caos, nós traremos as algemas.”

A escalada da repressão e a retórica agressiva de Trump reacenderam debates sobre o uso das Forças Armadas em conflitos internos e alimentaram temores sobre uma crescente polarização política que ameaça a estabilidade institucional dos Estados Unidos.

Foto de capa: Jason Armond/Los Angeles Times

Fonte: Brasil 247, com agências internacionais

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