“Combate ao tráfico de drogas é restrito aos territórios periféricos”, afirma Renato Freitas

2 de novembro de 2025 15:50

O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) usou a sua página nas redes sociais para criticar a seletividade das operações policiais e a concentração de poder econômico e político dos grandes traficantes. As declarações foram feitas em vídeo publicado no X.

Assista à fala de Renato Freitas no X.

Segundo Freitas, o problema do combate ao crime não está nos territórios periféricos, mas na concentração de riqueza e influência política de quem realmente lucra com o tráfico. “Navio não sobe o morro, aeroporto no morro não tem, e mesmo assim o combate ao tráfico de drogas é restrito aos territórios periféricos”, afirmou o parlamentar.

Ele questiona ainda a distribuição da riqueza envolvida no comércio ilegal: “Se o negócio é bilionário, em que banco estão esses bilhões? Quem são os donos dos aviões e táxis aéreos? Os portos e aeroportos são controlados por quem? As empresas de importação e exportação estão sob controle de quem? Eu não caio em conto de fardas”.

Freitas aponta que as operações policiais frequentemente atingem apenas os trabalhadores periféricos envolvidos no tráfico, enquanto os grandes operadores permanecem impunes: “Sei que no morro tem muita gente envolvida no tráfico, todos sabemos. Mas também sei que os verdadeiros traficantes são os que pagam os políticos e demais autoridades para não serem investigados ou punidos”.

O deputado citou episódios recentes que reforçam essa seletividade. Um deles envolve o helicóptero dos Perrella, aliados de Aécio Neves, encontrado com meia tonelada de pasta base de cocaína. “Quem foi preso nesse episódio? Pra você ver, qual o combate ao tráfico”, questionou Freitas.

Ele ainda criticou o caráter militarizado das operações e a letalidade desproporcional quando o alvo é periférico: “A maior apreensão de fuzis, inclusive do Rio de Janeiro, não foi do Bolsonaro. Mas por que quando há operação na Faria Lima, como teve em São Paulo, não tem letalidade?”, indaga.

Para Freitas, o modelo atual é injusto e direcionado contra os mais pobres: “Estranho se alguém entrasse dentro do mercado Pão de Açúcar e falasse que a partir daquele momento seria proibida a existência do mercado, que seriam presos ou mortos. Depois, a operadora de caixa, depois o repositor, mas nunca o gerente, muito menos o dono”.

Ele defende um combate mais estratégico e baseado em inteligência, ciência e investigação: “Por isso, se eles quisessem de fato acabar com o tráfico de drogas, eles teriam uma política de investigação, polícia de inteligência, não tão militarizada, pronta para guerra, para matar ou morrer, mas uma polícia que utilizasse a tecnologia, a estratégia, a ciência a seu favor e conseguisse desbaratar pelos peixes grandes”.

Segundo Freitas, o problema estrutural do combate ao tráfico reside na conivência de quem lucra com o negócio: “Não vai acabar com o tráfico, até porque muitos dos que dão as cartas do jogo ganham dinheiro com o tráfico”. A fala reforça a percepção de desigualdade e seletividade no enfrentamento à criminalidade no país, colocando em evidência a necessidade de políticas mais inteligentes e eficazes, que atinjam os verdadeiros operadores do mercado ilegal.

  • “Combate ao tráfico de drogas é restrito aos territórios periféricos”, afirma Renato Freitas. Foto: Divulgação
  • Fonte: Brasil 247

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