
Trump entra com ação contra Moraes para impedir que “silencie usuário barulhento” em redes dos EUA
6 de junho de 2025 15:48A Media Trump, organização de mídia que pertence aos presidente dos EUA Donald Trump, entrou com ação juntamente com a rede social Rumble – da qual ele é sócio – contra Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (6) no Distrito Central da Flórida, nos EUA.
O documento, que foi divulgado pela CNN, afirma que Moraes violou a Primeira Emenda da Constituição dos EUA e tenta impedir que o ministro da suprema corte brasileira aplique punições a usuários das redes sociais que se encontram nos EUA.
Na ação, a empresa de Trump, que é representada pelo advogado Martin de Luca – que deu entrevista à Veja com ataques a Moraes -, pede que a justiça dos EUA torne “inexequíveis” as decisões do ministro no país.
“Permitir que ele silencie um usuário barulhento em um canal digital americano colocaria em risco o compromisso fundamental do nosso país com o debate aberto e robusto”, diz a petição, segundo a CNN, que desta que “ao exigir que empresas americanas cumpram ordens sigilosas, sob pena de sanções no Brasil, Moraes ultrapassou sua autoridade e feriu garantias constitucionais dos EUA”.
A empresa Trump Media ainda pede à justiça dos EUA que proíba Moraes de acionar terceiros — como Apple e Google — para remover o aplicativo Rumble de suas lojas nos EUA e conceda “indenizações por danos comerciais, reputacionais e à liberdade de expressão” tanto às empresas quanto aos usuários e que “reconheça a responsabilidade pessoal do ministro pelas supostas violações”.

Conluio na mídia liberal brasileira
Após estampar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como uma espécie de novo “Caçador de Marajás” – na capa histórica para tentar turbinar a candidatura Fernando Collor em 1988 -, a revista Veja dobrou a aposta contra Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e escalou o advogado Martin de Luca, que defende as empresas de mídia de Donald Trump, para atacar o ministro e o judiciário brasileiro.
Na “entrevista”, divulgada na edição desta sexta-feira (6), a publicação deixa claro a tentativa de se alinhar às big techs, que dão sustentação às narrativas de ódio e mentira da ultradireita internacional, ecoando a tese bolsonarista de quem as supostas sanções de Trump às autoridades brasileiras não estão sendo provocadas pelo clã, mas em razão da “violação dos direitos humanos contra cidadãos e companhias dos Estados Unidos”.
“O advogado Martin De Luca representa a Trump Media, conglomerado de empresas que pertence ao presidente dos Estados Unidos e está em litígio com o STF desde que Alexandre de Moraes determinou que a rede social Rumble, uma concorrente do YouTube com forte capilaridade entre apoiadores de direita, fosse impedida de atuar no Brasil. O representante da Trump Media, que é parceira de negócios do Rumble, afirma que as decisões do ministro são arbitrárias e não podem alcançar companhias americanas em território americano”, diz o texto da publicação, que mais parece uma peça publicitária das big techs.
A própria Veja, no entanto, revela o motivo da Rumble ter sido banida do país: “é sediada nos Estados Unidos e não tem representação no Brasil”. Mas, insiste na tese de que “o bloqueio poderia ser considerado como um ato de censura — motivo, segundo o advogado, mais do que suficiente para enquadrar o magistrado na Lei Magnitsky”.
As declarações do representante de Trump, no entanto, mostram uma posição mais comedida que o próprio tom adotado pela publicação, criada para defender os interesses dos conglomerados dos EUA durante a Ditadura Militar.
“Não é difícil achar exemplos de funcionários públicos e políticos brasileiros de direita que sofreram ameaças ou atos de violência jurídica”, disse De Luca, traçando um fictício comparativo em seguida. “Por outro lado, quantas pessoas de esquerda foram processadas ou condenadas pelo senhor Alexandre por atacar políticos de direita? Não sou brasileiro, mas acho que a resposta é zero”.
O advogado da Trump Media ainda diz, sem citar Jair Bolsonaro, que Moraes busca “neutralizar candidatos que lideram as pesquisas para não poderem participar de eleições”, o que, segundo ele, “também poderia constituir um ato que viola direitos humanos, porque se está privando a população de votar em quem ela quer”.
A declaração, no entanto, não remete a cidadãos dos EUA, mas serve para a narrativa de figuras como Allan dos Santos, Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, que fugiram do país para não arcar com as consequências jurídicas dos crimes que cometem reiteradamente.
Fotos: montagem sobre fotos de Rosinei Coutinho/ SCO/ STF e Gage Skidmore
Fonte: Forum, com agências internacionais