
Caciques de federação trocam farpas sobre 2026
6 de outubro de 2025 09:19O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), reagiu ontem a declarações do senador Ciro Nogueira (PP-PI), dadas em entrevista ao Globo, sobre a sucessão presidencial de 2026. Em publicação nas redes sociais, Caiado classificou como “vergonhosa” o que chamou de tentativa do ex-ministro de Jair Bolsonaro de se colocar como “porta-voz” do ex-presidente e de antecipar o apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao Planalto.
Também pela internet, o senador respondeu com ironia e sugeriu que Caiado estaria “com tempo livre” para escrever textos grandes nas redes sociais. Os políticos são dois dos maiores caciques da superfederação formada pelo União Brasil, que tem no governador de Goiás um de seus principais nomes, e o PP, presidido por Ciro Nogueira.
“A ansiedade de Ciro Nogueira em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio é vergonhosa, e algo tão gritante que ele já se coloca como porta-voz do presidente Bolsonaro, o que ele não é”, postou Caiado. O governador de Goiás disse ainda que, caso Bolsonaro tivesse o interesse de contar com alguém que falasse em seu nome, seria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou um dos seus filhos.
A publicação do gestor goiano foi dividida em seis itens. O longo texto publicado em uma rede social foi ironizado por Ciro Nogueira horas depois na mesma plataforma: “Vi a postagem do governador Ronaldo Caiado sobre minha entrevista (ao Globo). Me chamou a atenção a enormidade do tamanho. Deve estar com o tempo livre. Eu não. Sobretudo para polêmicas vazias. Nosso adversário é Lula. Caiado, pode falar qualquer coisa: você está certo. Satisfeito?” ironizou o senador.
Tarcísio e Ratinho Jr cotados
A reação de Caiado, que já se colocou como um dos nomes da direita para concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem, mirou, em especial, a afirmação de Ciro de que, “se fosse hoje” a disputa, veria apenas dois nomes viáveis para a corrida presidencial: Tarcísio de Freitas ou Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná.
“Eles têm metade da rejeição do Bolsonaro e quase 40% de desconhecimento, o que é potencial de crescimento. Mas só têm viabilidade com o apoio do presidente Bolsonaro”, destacou o senador na entrevista publicada ontem.
Caiado acusou o parlamentar de tentar decidir por Bolsonaro e de vetar outros nomes da direita. “De pronto, Ciro já veta pelo menos três pré-candidaturas: as de Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro e a minha, prestando um enorme desserviço à direita. Não falo por Zema ou Eduardo, mas quanto à minha pré-candidatura, devo dizer que não dependo de aval de Ciro Nogueira”, disparou o governador.
O incômodo de Caiado ocorre menos de dois meses após seu partido, o União Brasil, formalizar a federação com o Progressistas, de Ciro. Integrantes do União dizem que o goiano dificilmente irá conseguir se viabilizar como opção do grupo para a disputa à Presidência da República.
O governador, no entanto, tem ressaltado a aliados não precisar de autorizações para mergulhar na empreitada. A troca de farpas evidencia a fragmentação dentro do campo da direita, onde Tarcísio tenta manter distância de disputas antecipadas e os demais governadores competem para ocupar o espólio deixado pelo ex-presidente.
‘Sem forças para reeleição’
Ao enfileirar ataques a Ciro, Caiado ainda minimizou o potencial eleitoral do colega de federação: “Tenho 88% de aprovação em Goiás nos últimos três anos, a maior entre todos os governadores. As mesmas pesquisas mostram que Ciro Nogueira não tem forças sequer para se reeleger senador no seu estado, o nosso querido Piauí”, disse.
“A ansiedade de Ciro Nogueira em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio é vergonhosa”, disse Ronaldo Caiado, governador de Goiás, sobre Ciro Nogueira. “Deve estar com o tempo livre. Eu não. Sobretudo para polêmicas vazias. Nosso adversário é Lula”,rebateu Ciro Nogueira, presidente do PP, sobre Ronaldo Caiado, do União.
“Sugiro ao já quase ex-senador que tenha mais moderação e mais respeito com os demais nomes que, democraticamente, colocam suas pré-candidaturas à avaliação popular. Ciro Nogueira não tem estatura política para julgar as pré-candidaturas à presidência, incluindo a minha. E certamente não será por ele que passará a decisão de construir a melhor estratégia para derrotar o PT”, complementou o governador.
A inelegibilidade de Bolsonaro e a indefinição de seu futuro político têm criado expectativa entre aliados em relação ao apoio do ex-presidente a um nome de consenso da direita. A possibilidade de Bolsonaro sacramentar a escolha de Tarcísio, como sugeriu Ciro, é bem-vista por líderes do Centrão, que procuram acelerar as tratativas e definir o candidato do grupo até o fim do ano.
- Caiado classifica posicionamento de Ciro de vergonhoso, enquanto Ciro defende os nomes de Tarcísio e Ratinho Jr ao Planalto. Fotos de Brenno Carvalho/O Globo
- Fonte: O Globo