O reencontro de Ciro Gomes com sua vocação direitista: começou no PDS e se filia agora ao PSDB, ao lado de lideranças da oposição ao PT e bolsonaristas

Ciro Gomes, que será sempre lembrado para a fuga para Paris – no contexto do segundo turno da eleição de 2018, entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro -, já se filiou, ao longo de sua carreira, a sete partidos diferentes antes desta filiação ao PSDB, o que torna esta a sua oitava legenda, nesta quarta-feira, 22, em cerimônia realizada em Fortaleza. O evento foi realizado em um hotel em Fortaleza, ao lado de lideranças da oposição ao governador Elmano de Freitas.É difícil dizer que Ciro rumou para a direita, mais fácil concluir que ele se reencontou, já que ele começou no PDS – partido que substituiu a Arena, que sustentou a ditadura no Congresso castrado – , quando estreou na política, em 1982. Depois vieram MDB, PSDB- que era outro partido no início dos anos 90 -, PPS, PSB, PROS, E, finalmente, PDT, onde ficou de 2015 até agora. Mais perdido que cachorro em caminhão de mudança. Mas, sem dúvida, em tempos de bolsonarismo, sua escolha evidencia mais perto do que nunca de Jair Bolsonaro, que sempre criticou muito.

Em seu evento de filiação, o PSDB teve a presença do ex-governador do Ceará Tasso Jereissati, e do ex-prefeito de Fortaleza; José Sarto Nogueira, como pré-candidato a deputado federal. O deputado federal André Fernandes, do PL, estava entre os bolsonaristas presentes no evento. André Fernandes disse ter divergências com Ciro, mas “tem mais convergências do que divergências”. “Não tenho dúvida de que não só eu, mas a maioria dos integrantes do PL tem sim divergências com Ciro Gomes. Mas a gente tem que entender o momento. Hoje a gente está convergindo muito mais do que tendo divergência”, afirmou.

Durante o evento, Tasso Jeressaiti informou que Ciro Gomes será o presidente estadual do PSDB, e Sarto Nogueira, o presidente municipal do partido em Fortaleza. Ciro Gomes integrou o PSDB na década de 1990 e, durante esse período, foi eleito governador do Ceará pela sigla.

“Muito obrigado, do fundo do meu coração, às lideranças que qualificam, nobilitam e põem em grande altitude a singeleza desse ato do meu recomeço de vida pública. E são lideranças muito importantes, queridas e respeitadas pelo Ceará. E a quem eu quero dizer muito obrigado, me obrigo muito mesmo a cada um e a todos e a todas, por esse gesto generoso”, afirmou Ciro. Nos bastidores, Ciro é cotado concorrer ao cargo de governador do Ceará nas eleições de 2026. Durante o evento, no entanto, ele afirmou que Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, “está pronto para ser o futuro governador”. Ou seja, não descarta concorrer – de novo – com Lula à Presidência, em 2026. Seja bem-vindo ao inferno.

Desfiliação do PDT

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes entregou nesta sexta-feira ao presidente do PDT, Carlos Lupi, a sua carta de desfiliação do partido. . A saída de Ciro está diretamente relacionada ao cenário político no Ceará, onde o PDT decidiu apoiar o governo do petista Elmano de Freitas, uma aliança duramente criticada por Ciro. Segundo aliados, a permanência dele no partido já era considerada insustentável, especialmente diante das reiteradas manifestações contrárias à aproximação com o PT no estado.

• Constrangido ou reencontrando a vocação autoritária? Ciro Gomes se filia ao PSDB ao lado de lideranças da oposição no Ceará. Foto: Thiago Gadelha/SVM
• Fonte: G1