
Caetano Veloso, Gil e Chico Buarque: caminhando e cantando em ato contra a PEC da Blindagem, Anistia e outros lixos do Congresso
21 de setembro de 2025 11:22Os músicos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Djavan – e um grande número de outros artistas de esquerda pelo país – participam de atos políticos contra a PEC da Blindagem e o projeto da Anistia. No Rio, neste domingo, 21, um trio elétrico composto por músicos partirá do Posto 5 de Copacabana. A participação dos artistas foi anunciada pelo portal Mídia Ninja, em parceria com o coletivo 342 Artes, fundado por Paula Lavigne. As cantoras Maria Gadú, Marina Sena e Chico César também confirmaram presença. Ao todo, dez capitais brasileiras, incluindo Brasília, convocaram manifestações para este domingo.
Chico, GIlberto Gil e Caetano Veloso, que lideram esse novo movimentam, nunca deixaram de se expressar politicamente, não só nos palcos, mas ao longo da história do Brasil pós-ditadura. Todos hoje acima dos 80 anos, mas com o vigor cívico inabalável, fizeram parte da redemocratizaçao do país. Durante a ditadura, instalada em 1964, Chico Buarque e Caetano Veloso, por exemplo, foram grandes nomes da resistência cultural: músicas censuradas, exílio, críticas através da arte. Canções como “Cálice” – de Chico e Gil, em pleno 1973 – denunciaram, por metáforas, a repressão militar. Antes, em 1970, a música “Apesar de Você” virou símbolo de resistência. Todos emprestaram sua visibilidade aos comícios, shows, espaços públicos, durante os comícios das Diretas Já, em 1984, para sensibilizar a população pela causa de eleições presidenciais diretas – proibidas pela ditadura. No processo de redemocratização, Chico e outros artistas de esquerda participaram ativamente de atos político/musicais nos comícios de campanhas de Lula.
Depois do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos por causa de suas atividades artísticas consideradas subversivas. Em fevereiro de 1969, ficou claro que o regime militar não permitiria sua atuação livre, de modo que foram forçados ao exílio. Moraram em Londres entre 1969 e cerca de 1972. Chico também foi detido no fim de 1968, após o AI-5, interrogado pelas autoridades por causa de sua participação em manifestações e críticas artísticas consideradas subversivas. Chico optou pelo autoexílio, e se exilou em Roma por breve período, voltando nos anos de chumbo.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Caetano Veloso chamou a PEC da Blindagem de “PEC da Bandidagem” e afirmou que o projeto de anistia “não pode ficar sem resposta”. “A gente tem que ir pra rua, pra frente do Congresso, como já fomos outras vezes. Voltar a dizer que não admitimos isso, como povo, como nação”, afirma. Outros artistas, como Anitta e Daniela Mercury, também se pronunciaram contra as propostas do Congresso. “A população é quem faz a política do país. Temos o direito e o dever de cobrar os políticos. Afinal, nós votamos e eles trabalham para o bem da população”, escreveu Anitta em publicação no Instagram.
O rapper Djonga, anunciou nas redes sociais que estará participando das manifestações em Brasília, que começarão no Museu Nacional, às 9h. “Contra a anistia para Bolsonaro e companhia, que tentaram atentar contra a democracia do nosso país”, declara.
O objetivo dos atos – com o mote “Congresso inimigo do povo” – é mostrar a rejeição à proposta de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e ao projeto que proíbe a abertura de ações criminais contra deputados e senadores sem autorização do Parlamento.
- Os músicos participarão de um trio elétrico composto por artistas que sairá do Posto 5, em Copacabana. Reprodução/redes sociais
- Fonte: Correio Braziliense/Mídia Ninja