Fator tornozeleira: ato bolsonarista terá Paulista sem Bolsonaro. Família também se esquiva com cagaço do STF. Michelle vai pra Belém.

2 de agosto de 2025 11:39

Jair Bolsonaro (PL) aposta na reação das ruas pelo país para recuperar a força política abalada pela tornozeleira eletrônica e pelo tarifaço de Donald Trump. Mas a família do ex-presidente não estará em São Paulo. A avenida Paulista foi escolhida para ser o ápice das manifestações de domingo, que também não receberá o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O que aconteceu
O caso que mais chama atenção é o de Michelle. A ex-primeira-dama participa da manifestação no Pará. A informação foi confirmada por aliados, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o pastor Silas Malafaia, e já há vídeo no Instagram.

A decisão de Michelle foi questionada. Bolsonaro precisa demonstrar apoio popular, e a ex-primeira-dama tem apelo junto à militância. Na terça, ela dividiu o carro de som com o marido durante motociata em Brasília.

Bolsonaro participou de motociata em Brasília na última terça, mas não pode sair de casa aos finais de semana. Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress.

Parte do entorno de Bolsonaro reclama de falta de visão estratégica. Michelle é uma das possíveis herdeiras do espólio político do ex-presidente e liderar um ato que ajudaria nesta transição.

A atitude de Michelle causou estranheza. Houve quem usasse as palavras “teimosia” e “birra” para definir o comportamento dela. Teve também quem a defendeu, dizendo que o importante é participar de ao menos um ato.

A assessoria de Michelle enviou nota justificando a decisão. O primeiro argumento é que desta vez haverá manifestações em todos os estados. O texto acrescenta que a ex-primeira-dama já tinha compromisso em Marabá (PA), onde participa de um evento do PL Mulher, e resolveu marcar presença no ato de Belém.

A nota cita ainda que outras lideranças do PL estarão na avenida Paulista. O nome mais expressivo é Nikolas Ferreira (PL-MG). O deputado irá ao protesto em Belo Horizonte pela manhã e voa para São Paulo na sequência.

Nesta semana, Michelle transferiu o título de eleitor para Brasília. Ela é favorita a obter uma das duas cadeiras ao Senado pelo Distrito Federal na eleição de 2026. Seu nome também é ventilado para a chapa presidencial da direita.

Post de Michelle Bolsonaro confirmando presença em ato em Belém, no domingo. Veja.

Tarcísio marca cirurgia
Afilhado político de Bolsonaro, Tarcísio marcou uma cirurgia para o dia do ato. Cotado para substituir o ex-presidente nas urnas presidenciais em 2026, o governador de São Paulo realizará uma radioablação por ultrassonografia de tireoide no hospital Albert Einstein, na capital paulista.

Bolsonaristas dizem, nos bastidores, que Tarcísio vai se “escorar no atestado” para não se expor. O governador não se pronunciou até o momento, por exemplo, sobre a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes. Ele também está há mais de 20 dias sem dar entrevistas coletivas na capital, conforme mostrou o UOL.

Após desgastes com Eduardo, o governador tem tentado manter uma distância segura do bolsonarismo. Aliados de Tarcísio avaliam que criticar publicamente as ações dos EUA, ou o impacto delas em São Paulo, pode afastar eleitores da extrema direita. Por outro lado, ele não falar pode estragar o bom relacionamento com o setor financeiro.

Flávio fica no Rio
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) estará no Rio de Janeiro. O evento será realizado às 11h. Ficaria difícil estar em São Paulo antes das 14h, quando começa o ato na avenida Paulista.

Flávio convive com a pecha de ausente. Ele estava fora do Brasil quando a Polícia Federal fez a operação contra Bolsonaro que resultou na tornozeleira eletrônica. O senador justificou que estava de férias marcadas com a família.

Após o mal-estar, o senador fez questão de estar presente. Ele avisou toda a imprensa sobre o horário que desembarcaria no aeroporto de Brasília, foi ativo nas redes sociais e participou da motociata na terça.

Eduardo e Carlos fora
Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não participa. O deputado deu entrevista a uma rádio alinhada com o bolsonarismo nesta sexta.

Carlos Bolsonaro havia anunciado que não iria. Provável candidato a senador, ele não é assíduo nas manifestações da direita e é conhecido pelas atuações nos bastidores, principalmente na comunicação.

A presença de Jair Renan é incógnita, mas sua ida não tem impacto porque ele não é autorizado a falar. Bolsonaro proibiu o filho de discursar quando o rapaz era candidato a vereador em Balneário Camboriú (SC) ano passado.

Jair Renan acompanhou o ex-presidente semana passada e sempre esteve mudo. A avaliação é que a falta traquejo político gera risco de declarações inadequadas causar prejuízos ao bolsonarismo.

Sem os parentes mais próximos, a Paulista deve receber um irmão de Bolsonaro. Trata-se de Renato Bolsonaro, que tentou carreira política. Ele tentou se eleger prefeito de Registro no ano passado e perdeu. Foi a sétima derrota em oito eleições. A única vitória foi em 1996 como vereador de Praia Grande (SP).

A importância da Paulista
Bolsonaro não pode sair de casa aos finais de semana, mas quer mostrar apoio popular. A manifestação é uma reação às medidas restritivas que incluem proibição e usar as redes sociais.

Os atos ocorrem em caráter nacional. A intenção é demonstrar que Bolsonaro é apoiado em todo o país.

Inimigos da direita foram usados para mobilizar a militância. Houve distribuição de adesivo de “fora Lula” e “fora Moraes”. Bonecos posicionados nas principais vias das cidades pediam para buzinar se o motorista quisesse o impeachment da dupla.

Todo este esforço tem a Paulista como ponto alto. O desejo do bolsonarismo é de uma foto com a avenida mais conhecida de São Paulo vestida de verde-amarelo.

Perguntado sobre a presença da militância, Malafaia minimizou o assunto. O pastor afirmou que o mais importante é defender o país minimizou o assunto. O pastor afirmou que o mais importante é defender o país contra perseguição política e autoritarismo do Judiciário.

A imagem seria usada como arma política. A expectativa é que Bolsonaro seja julgado e condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado ainda neste ano. A avenida Paulista esvaziada significa arma política sem munição.

  • Imagem gerada em IA
  • Fonte: UOL

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