
Hugo proíbe reuniões em comissões da Câmara. PL convocou encontros pró-Bolsonaro durante recesso parlamentar
22 de julho de 2025 11:13O despacho foi assinado nesta terça-feira (22) e publicado no Diário Oficial da Câmara. O ato determina que as atividades legislativas sejam retomadas apenas em agosto. Lideranças bolsonaristas já ameaçam, nos bastidores, articular junto ao governo Trump a revogação do visto do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), assim como ocorreu com ministros do STF.
Duas comissões permanentes da Câmara dos Deputados comandadas pelo Partido Liberal (PL) marcaram sessões para esta terça-feira. As reuniões ocorrem em meio ao recesso parlamentar, que na realidade é uma pausa informal dos parlamentares, uma vez que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não foi aprovada no prazo estipulado pela Constituição.
A decisão do partido contraria o pronunciamento público do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O paraibano, logo após o anúncio das reuniões convocadas pelo PL, reiterou que o recesso parlamentar estava mantido, assim como fez também o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP).
Na Comissão de Segurança Pública, os parlamentares votarão uma moção de solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “em razão de alegada perseguição política e de seus impactos na ordem e segurança públicas nacionais”. O requerimento foi apresentado por deputados de oposição, não só do PL mas também do PP, PSD, União Brasil e Republicanos.
Já na Comissão de Relações Exteriores, estão pautados dois requerimentos, ambos direcionados a Bolsonaro: uma moção de apoio assinada por Evair Vieira de Melo (PP-ES), e uma moção de louvor, apresentada pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Reações fazem parte de plano de apoio a Bolsonaro
Na última sexta-feira, 18, o ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) que cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dele e na sede do PL. O ex-presidente também passou a usar tornozeleira eletrônica, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e foi proibido de manter contato com figuras como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu terceiro filho.
Em um primeiro momento, o PL anunciou a realização das comissões mesmo durante o recesso, para aprovar moções de apoio a Bolsonaro. Nessa segunda (21/7), a bancada do partido se reuniu com outros parlamentares aliados ao bolsonarismo para discutir novas medidas de reação.
Serão criadas três comissões internas, lideradas por deputados do PL:
uma delas alinhará a comunicação dos parlamentares de oposição, comandada pelo deputado Gustavo Gayer (PL-GO);
a segunda lidará com mobilizações internas no Congresso Nacional para dar andamento às pautas do partido, sob comando do deputado Cabo Gilberto (PL-PB); a terceira lidará com mobilizações externas para “dar voz ao ex-presidente Jair Bolsonaro”, lideradas por Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Zé Trovão (PL-SC).
Prioridades da oposição
Além dos grupos, a oposição também anunciou projetos prioritários para serem tocados depois do recesso parlamentar.
Sóstenes ressaltou o apoio do partido ao projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Também será priorizada, após o recesso parlamentar, a tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) nº 333/2017, a chamada PEC do Fim do Foro Privilegiado.
O texto prevê a extinção do foro privilegiado para autoridades, restringindo o benefício apenas ao presidente da República e vice, além dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF).
- O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.. Foto: Vinícius Scmidit/Metrópoles.
- Fonte: CNN/Metrópoles