
No limite: MTST ocupa sede do Itaú na Faria Lima em protesto contra super-ricos
3 de julho de 2025 16:37Integrantes da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) – criado pelo hoje deputado Guilherme Boulos, candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo – realizaram, na manhã desta quinta-feira (3), uma ocupação na sede do banco Itaú, localizada na Avenida Faria Lima, região de alto prestígio financeiro da cidade de São Paulo, informaram os Jornalistas Livres. O protesto teve como foco central a cobrança por uma taxação mais rigorosa dos mais ricos no país.
A escolha do local do ato tem caráter simbólico. A Faria Lima é o principal centro bancário do país – e onde está a golpista Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Segundo os organizadores, a ação pretende escancarar o contraste entre a riqueza concentrada e a ausência de políticas públicas que garantam justiça fiscal e inclusão social.
Veja imagens nas redes sociais.

Militantes afirmaram, pelas redes, que a ocupação levou “faixas e cartazes exigindo justiça tributária, inclusão dos milionários no imposto de renda e do povo no orçamento”. Em vídeos que circulam nas plataformas digitais, os manifestantes entoam palavras de ordem pedindo que os super ricos passem a contribuir proporcionalmente com o sistema tributário nacional.
Entre os dizeres nos cartazes, estavam frases como “é hora do milionário pagar imposto” e “o povo não vai pagar a conta”, em referência à desigualdade no modelo atual de arrecadação do Estado brasileiro.
O ato ocorre em meio ao acirramento da tensão entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Na última terça-feira (1º) a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Legislativo que derrubou o decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no fim de maio. A medida fazia parte da estratégia do governo para reforçar a arrecadação e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal.

Entenda o confronto sobre o IOF
No último dia 25 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou, por 383 votos a 98, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 214/25, que suspende os decretos do governo federal relacionados a mudanças no IOF. A atitude dos parlamentares deflagrou uma crise entre o Poder Executivo e o Legislativo – veja mais aqui.
Depois de idas e vindas diante das repercussões negativas provocadas pelas primeiras alterações nas alíquotas de operações de câmbio, linhas de crédito para empresas e, inclusive, planos de previdência privada do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), o governo federal chegou a uma alternativa. Assim, determinou a tributação em 5% de novas emissões de títulos que hoje são isentos, como Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). Em relação às aplicações que seguem atualmente a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR), fica uma alíquota única de 17,5%, independente do tempo de investimento. O governo, assim, editou um novo decreto do IOF, recalibrando as alíquotas do imposto.
Foi este decreto que a Câmara dos Deputados derrubou e que, logo em seguida, foi acompanhada pelo Senado. Assim, o Legislativo conseguiu anular todas as mudanças promovidas pelo governo federal sobre o IOF. O governo Lula, por meio da AGU, ajuizou, então, uma ação no STF para reativar os efeitos do decreto. A equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alega que precisa do ajuste para garantir o cumprimento da meta fiscal do ano que vem, de superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).
Manifestação do MTST pela taxação dos super-ricos, hoje, na Faria Lima. Crédito: Reprodução via X/@mtst
Fonte: Estadão/247