
Hamas aceita libertar todos os reféns por cessar-fogo e entregar administração de Gaza a órgão independente
3 de outubro de 2025 17:33 |O Hamas – que venceu as eleições legislativas palestinas, em 2026, e em 2007 assumiu o controle da Faixa de Gaza, depois de confrontos com o partido Fatah, lutando sem trégua pela criação do Estado Palestino – afirmou nesta sexta-feira, 3 – para surpresa de muitos -, que concorda em liberar todos os reféns israelenses, vivos ou mortos, sob os termos da proposta de cessar-fogo apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Hamas – Movimento de Resistência Islâmica (Ḥarakat al-Muqāwama al-Islāmiyya), foi fundado em 1987, durante a Primeira Intifada, como uma ramificação palestina da Irmandade Muçulmana – é peça crucial para o acordo.
O anúncio foi feito horas depois de Trump ter dado um ultimato para o Hamas. Em uma rede social, o presidente americano que o grupo terrorista teria até domingo (5) para aceitar a proposta, sob pena de enfrentar um “inferno total”. Em comunicado, o grupo sinalizou disposição para entrar imediatamente em negociações para discutir todos os detalhes. Ou seja, isso não significa que o Hamas aceitou todo o plano apresentado pela Casa Branca.
O grupo informou ainda que aceita entregar o governo da Faixa de Gaza a um órgão independente formado por tecnocratas palestinos, “base com consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico”.
“Quanto às demais questões apresentadas na proposta do presidente Trump que dizem respeito ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos legítimos do povo palestino, isso está vinculado a uma posição nacional unificada e fundamentada nas leis e resoluções internacionais pertinentes, a ser discutida em um quadro nacional palestino amplo, do qual o Hamas fará parte e contribuirá com plena responsabilidade”, diz o texto.
O Hamas também disse que aprecia os esforços de países árabes e islâmicos, além do presidente Trump, para colocar fim à guerra na Faixa de Gaza.
A proposta
Na segunda-feira (29), a Casa Branca apresentou um plano com 20 pontos para encerrar a guerra na Faixa de Gaza imediatamente.
A proposta prevê o território como uma zona livre de grupos armados. Integrantes do Hamas podem receber anistia, desde que entreguem suas armas e se comprometam com a convivência pacífica.
- Se o plano for implementado, Gaza passaria a ser governada por um comitê formado por palestinos tecnocratas e especialistas internacionais.
- O grupo atuaria sob supervisão de um novo órgão chamado “Conselho da Paz”, que seria presidido por Trump. Não está claro se Israel participaria do órgão.
- Segundo a Casa Branca, o Hamas tem 72 horas para libertar todos os reféns mantidos desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
- A proposta também prevê que Israel libere quase 2 mil prisioneiros palestinos. Além disso, a ONU e o Crescente Vermelho seriam responsáveis pela distribuição de ajuda na Faixa de Gaza.
- O plano é vago sobre a criação do Estado da Palestina, mas indica um caminho que pode levar a esse reconhecimento no futuro.
- Membros da comunidade internacional receberam a proposta de forma positiva. Por outro lado, moradores de Gaza disseram estar sem esperanças e temem uma piora no conflito.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que concorda com o plano e anunciou que avançará na ofensiva em Gaza caso o acordo não seja fechado. Por outro lado, ele disse que não aceitaria a criação de um Estado palestino.
A proposta dos Estados Unidos foi bem recebida pela comunidade internacional, sendo elogiada por países da Europa e até mesmo pela Autoridade Palestina. O Brasil também disse que apoiava a iniciativa.
- Abu Ubaida, porta-voz do Hamas, em foto de arquivo. Foto: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
- Fonte: G1