Alckmin: governo vai regulamentar lei da reciprocidade até terça e trabalhar para reverter tarifa de Trump

14 de julho de 2025 09:00

O governo vai editar, até terça-feira (15), o decreto que regulamenta a lei da reciprocidade, que permite ao Brasil responder à tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Alckmin disse, entretanto, que o governo ainda trabalha para reverter a tarifa, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto. “Entendemos que a taxação é inadequada e não se justifica”, afirmou o vice-presidente durante inauguração de viaduto em Francisco Morato, na Grande São Paulo.

Os países mais taxados pelos EUA. Infográfico/G1

Alckmin: “O Brasil não é problema”

Um comitê formado por vários ministérios do governo Lula vai conversar com o setor produtivo e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham). “Mostraremos claramente que os Estados Unidos têm, sim, déficit, e um déficit grande, de US$ 1,2 trilhão na questão de exportação e importação de bens, mas com o Brasil têm superávit comercial”, disseAlckmin. “Então, o Brasil não é problema”, disse.

Ele afirmou que a alíquota média de exportação de produtos americanos para o Brasil, excluídos os que já têm alíquota zero, é de 2,7%. “Nós não aumentamos nada. Os Estados Unidos que estabeleceu alíquota de 10% e maior para aço, alumínio e setor automotivo. E agora essa alíquota de 50%, totalmente equivocada”, prosseguiu. E completou: “Nós que deveríamos estar reclamando do déficit da balança comercial”.

Se o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente Donald Trump entrar em vigor em 1º agosto, não é somente o agronegócio que vai ter dificuldades em um de seus principais mercados. Segundo dados revelados pelo Monitor do Comércio Brasil-EUA, da Amcham, as exportações industriais brasileiras para os EUA bateram recorde e chegaram a US$ 16 bilhões no primeiro semestre, alta de 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Lula também tem afirmado que, embora o país ainda aposte nas negociações com os americanos, usará a lei da reciprocidade se for necessário.

“O povo brasileiro precisa ser respeitado. A justiça brasileira precisa ser respeitada. Somos um país grande, soberano e de tradições diplomáticas históricas com todos os países. O Brasil vai adotar as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas”, escreveu Lula em uma rede social neste sábado (12).

Lula faz reunião de 4 horas sobre tarifaço, e Haddad é o último a sair

O presidente Lula recebeu representantes de sete ministérios, do Banco Central e do Senado para discutir a reação brasileira ao tarifaço de Donald Trump. O encontro começou às 18 horas e foi longo. Os últimos participantes, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) deixaram o Palácio da Alvorada perto das 22 horas.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro também compareceu. O setor é bastante afetado pela medida dos Estados Unidos. Sidônio Palmeira, responsável pela comunicação e como as decisões de Lula serão explicadas à população, esteve presente. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, é outro que foi chamado.

O encontro ocorre no momento que o governo discute a reciprocidade. O mecanismo permite cobrar dos Estados Unidos as mesmas taxas que foram impostas aos produtos brasileiros. Apesar dos preparativos para retaliação, o Planalto ressalta que prefere uma solução diplomática.

  • Imagem do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB) durante agenda em São Paulo neste domingo (13). Foto: TV Globo
  • Fonte: G1/CNN

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