
Pecuaristas querem que Bolsonaro abra logo mão de 2026 e apostam em Tarcísio
27 de junho de 2025 11:01Após apoiarem Jair Bolsonaro (PL) ao longo do seu governo e mesmo após ele deixar o Palácio do Planalto, pecuaristas e membros de associações do setor afirmam que o ex-presidente, hoje inelegível, deve abrir mão logo de tentar seguir na disputa de 2026 e indicar um nome para que a direita tenha chances contra Lula (PT). Em meio a conversas sobre o momento do setor, a sucessão presidencial do ano que vem ganhou espaço nas discussões da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP). O ex-presidente esteve no primeiro dia do evento acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
E é justamente o nome do governador que é apontado de forma reservada por pecuaristas e integrantes de entidades ligadas ao setor como o mais adequado para representar a direita. Eles avaliam que, se o ex-presidente insistir em uma candidatura até o último momento, impedirá que outra liderança do espectro político ganhe espaço no tabuleiro eleitoral para enfrentar um Lula, que, na visão deles, está em campanha todos os dias.
Pecuaristas afirmaram que o histórico do próprio petista é um exemplo da necessidade de ter um nome viável para os eleitores com antecedência. Eles citam a eleição presidencial de 2018, em que Lula foi impedido de disputar com base na Lei da Ficha Limpa.
Já se sabia que, caso ele não conseguisse participar da disputa, o substituto seria Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda. Embora tenha sido oficializado como cabeça de chapa somente em 11 de setembro, o conhecimento prévio do eleitorado de que ele era o nome apoiado por Lula o tornou competitivo na eleição decidida no segundo turno contra Bolsonaro, avaliam.
Com o ex-presidente, dizem, isso não acontece, já que a direita tem uma pulverização de nomes. Além do próprio Bolsonaro, que além de inelegível até 2030 é réu sob acusação de liderar uma trama golpista, cinco governadores são cotados para concorrer no ano que vem: Tarcísio; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; e Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul. Os dois últimos integram o partido presidido por Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais de Tarcísio.
Dos cinco governadores no mapa eleitoral, só Tarcísio está em primeiro mandato e pode tentar a reeleição. Para os pecuaristas ouvidos pela reportagem, no entanto, ele deixaria a disputa estadual de lado e atendería a eventual convocação de Bolsonaro para concorrer ao Planalto.
Apesar da profusão de nomes, eles apostam que só o governador de São Paulo tem reais chances de ganhar, e que, entre os demais, é possível que saia 0 nome de um candidato a vice. A ex-primeira dama Michele Bolsonaro também é citada para o posto.
Ex-secretário de Assuntos Fundiários no governo Bolsonaro e um dos mais antigos líderes ruralistas do país, Nabhan Garcia disse, porém, que há possibilidades de 0 ex-presidente obter recursos sobre sua inelegibilidade e que pecuaristas sonham em vê-lo candidato no ano que vem.
Ele afirmou que, caso o ex-presidente siga inelegível, terá uma influência dominante sobre o nome que ele apoiar no ano que vem. “Se Bolsonaro não apoiar, não emplaca. Todos querem apoio do Bolsonaro”, disse.
A Feicorte reuniu 16,5 mil pessoas e afirmou em balanço divulgado nesta segunda (23) que a presença de autoridades políticas “reforçou o prestígio da feira no calendário do agronegócio”.
Imagem gerada em IA
Fonte: Folha de S.Paulo