AGU aciona STF para investigar operadores que lucraram com dólar antes do tarifaço dos EUA

21 de julho de 2025 14:09

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de investigação sobre o suposto uso de informações privilegiadas visando o lucro a partir do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.

Segundo a AGU, o objetivo da ação é investigar o eventual vínculo do tarifaço com movimentações atípicas no mercado cambial brasileiro antes e depois de Trump anunciar a taxação de 50% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto.

“À luz dos fatos noticiados, podemos inferir que eles se inserem em contexto no qual os fatos já em apuração neste inquérito estão além dos ilícitos penais já indicados pela Procuradoria-Geral da República, relacionados à obstrução da Justiça, mas também com possíveis ganhos financeiros ilícitos, mediante os mesmos fatos que buscaram impor embaraço à aplicação da lei penal”, sustenta a AGU.

O pedido foi protocolado na noite deste sábado (19) no inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado pela sua atuação junto ao governo norte-americano para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo e tentar barrar o andamento da ação penal sobre a trama golpista.

Em março deste ano, Eduardo, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política. A licença termina hoje.

Na sexta-feira (18), no mesmo inquérito, Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica e proibido de sair de casa entre 19h e 6h.

As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes após a PGR alegar risco de fuga do ex-presidente, que é réu na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 e deve ser julgado pelo Supremo em setembro.

“Queremos saber quem lucrou”, diz Lindbergh

Mais cedo, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu ao Banco Central que investigue quem operou no mercado de câmbio horas antes do anúncio do governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A informação foi divulgada pelo parlamentar em publicação na rede X.

Segundo Lindbergh, há indícios de que agentes econômicos atuaram com acesso antecipado a uma informação sigilosa, o que pode configurar uso indevido de informação relevante não divulgada — uma infração cambial e financeira. “Queremos saber quem lucrou com essa informação privilegiada”, escreveu o deputado.

A petição cita ainda manifestação da Advocacia-Geral da União no Inquérito 4995/DF, que investiga uma possível tentativa de coação institucional por meio de ações econômicas externas articuladas por agentes políticos brasileiros. “A iniciativa busca proteger a integridade do sistema financeiro, assegurar a soberania nacional e impedir que operadores privilegiados lucrem com o colapso cambial orquestrado como parte de estratégias antidemocráticas”, afirmou o parlamentar.

  • Documento enviado pela AGU a Alexandre de Moraes pede que a investigação seja aberta no inquérito sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA. Foto: Imagem do chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), o Advogado-Geral da União, Jorge Rodrigo Araújo Messias/Divulgação.
  • Fonte: Brasil 247/Agência Brasil

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